estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2004-04-27

Ficções do País Obtuso: Campeons, nós somos campeons!!!

O FC Porto foi campeão mais uma vez, o que acabou, também, por ser comemorado na velha Avenida dos Aliados, em São Mamede de Infesta, em Rio Tinto, na Cedofeita e em casa de...Miguel Sousa Tavares. Estas comemorações entraram já numa rotina tão grande que Jorge Nuno Pinto da Costa já não sabe o que fazer para as tornar mais atraentes. Mudar a cor do clube e das celebrações, nem pensar. Contratar um grupo de brasileiras de um bar de alterne da Lixa poderia ser, claramente, uma solução mas os dirigentes portistas continuam a ser muito secretistas no que respeita à sua vida extra futebol. De modo que ainda se terá pensado, este ano (mais um ano azul e branco...grrrrrr...) em mudar a pronúncia dos festeiros mas foram os próprios linguistas da Universidade do Porto que explicaram a Pinto da Costa e ao sempre bem falante Reinaldo Teles- fala pelos cotovelos- que isso obrigaria a um esforço colectivo impossível de realizar a tempo das comemorações. Se pensarmos o autêntico quebra-cabeças que foi o Porto Capital da Cultura 2001, podemos perceber a monstruosidade da tarefa. Criar-se-iam 10 comissões e contra-comissões, todas com tempo de antena na NTV, para preparar o desígnio de toda uma região metropolitana que hoje se estende das barracas dos pescadores de Matosinhos às vinhas de Valongo.
Tratou-se, no entanto, e roam-se de inveja os centralistas, os que querem levar a Torre dos Clérigos para o Parque das Nações e criar uma rede de franchising de cafés "Cimbalino" na Grande Lisboa e tirar ao Porto o que é do Porto, de uma vitória da democracia. Obrigado Salgueira Maia, que vais ser condecorado pelo Pinto da Costa. Obrigado Otelo, apesar de teres esse ar rude e não falares com o sotaque do norte. Obrigado chaimites, apesar de não terem sido construídos em Ermesinde. E agora dêem-me um fino e tremoços...caracóis? Que nuojo...Você, você também é mooouuro?