NEW ORLEANS WILL RISE AGAIN
New Orleans, 30 graus, 90 por cento de humidade, fim de semana do Memorial Day. Uma mulher de cabelo puxado atrás, com um olhar carinhoso e aparência hispânica, pergunta-nos se queremos que ela nos leia a palma da mão. Olha para as nossas mãos e sorri: “Hum, você tem uma longa linha da vida, vai viver muito tempo. É uma pessoa muito determinada, ambiciosa que luta pelo que quer. Mas vai haver mudanças na sua vida: vai mudar de casa em 1996 e vai ganhar mais dinheiro do que ganha agora”.
Esta foi a primeira pessoa que conhecemos em New Orleans e como ela, muitas nos deixaram a marca e a saudade da capital da Louisiana. Dificilmente se consegue deixar a cidade imune porque New Orleans se encarrega de nos envolver e o melhor que temos a fazer é aderir a ela, aos sons, aos cheiros, às gentes.
Decatur Street, Jackson Square, portas abertas dos restaurantes, ventoinhas sempre a rodar, os leitores da mão, os pintores de rua, os vendedores de balões que os retorcem na cabeça, dolares a rodar de umas mãos para as outras, New Orleans é uma festa.
Em New Orleans, não precisa de levar amigos porque se fazem amigos em todos os sítios onde se entra. Lembramo-nos de Rita, a chilena, que nos recebe à porta do Planet Holywood ou Jerry, o barman da House of Blues, que grita “Come on girls!” sempre que vê uma silhueta feminina à entrada da sala ou Johnny, do Planet Holywood. Perguntamos-lhe bem à portuguesa, muito sussurrantes: “ o que é que este gajo do lado está a beber?”. Responde em voz alta, quase a gritar: “oh! This guy here?” O homem, muito vermelho, sorri sem qualquer embaraço. “este gajo está a beber bourbon com coca-cola!”
Há gente por todo o lado, percorrendo as ruas do French Quarter. Em qualquer restaurante ou café como o G& B Courtyard, em que o jazz combina com o zap, zap das ventoinhas, os turistas bebem água em copos carregados de gelo. As ventoinhas estão por todo o lado em New Orleans, onde um bafo de ar quente e húmido nos recebe mal saímos da porta do avião. Até nas esplanadas há ventoinhas, como no bar The Gazebo, em pleno mercado francês, onde uma banda de velhos jazzistas ainda o ambiente.
Pode-se encontrar de tudo no French Market, um tecto de madeira coberto de ventoinhas: negras de chapeu de palha sentam-se em frente a grande ventoinhas vendendo cabeças de crocodilos de boca aberta. Enquanto o céu de New Orleans escurece e a cidade abafa com o calor, um negro dorme de boca aberta, entre caixas e caixas de fruta. Somos rodeados, entretanto, por frascos e frasquinhos de Jambalaya e gumbo, pozinhos de todos os sabores e cheiros.
New Orleans, nesse fim de semana, é um espectáculo de americanos em férias, pejando as ruas num frenesim colorido, enchendo as arcadas com copos enormes de coca-cola na mão. Famílias inteiras passeiam de calções e t-shirt, os pais de oculos espelhados.
Um palhaço diverte as hordas de turistas que enchem a esplanada do Café du Monde. Hoje, essa instituição de New Orleans pouco guarda de 1860 e enche-se de forasteiros que comem “beignets” cobertos de açúcar. Um velho senta-se sorridente numa banqueta onde se lê: “yes, take all the pictures you like and please, leave a generous donation”.
New Orleans é uma cidade de cheiros e sabores únicos. Passear pelo mercado francês de narinas abertas aos condimentos creoulos ou cajuns ou comer num restaurante é uma experiência especial. Depois de uma muito low budget refeição no McDonald’s, experimentámos a cozinha de New Orleans no Mr. B’s, um enorme espaço requintado de tecto de madeira recheado de ventoinhas. Fomos servidos por Juan, um peruano, de cabelo pretíssimo coberto de gel, que perdia metade do tempo a conversar em espanhol com duas colombianas e uma guatenalteca muito esculturais e faladoras. “Nunca foram ao Perú? Porquê? Têm medo?”
O requinte do prato, uma mistura de comida francesa com especiarias e temperos locais divinos transformou a refeição num banquete. Os empregados, vestidos a rigor mas sem afectação, são de uma simpatia descontraída. Quando procuramos a casa de banho, um rapaz de jaqueta faz-nos sinal com um dedo e indica-nos umas escadas com uma entrada de portão em ferro. Abre-nos o portão, prestável, mesmo sabendo que a gorjeta nunca lhe caberá a ele.
Mais abaixo, uma espectacular brass band de miúdos negros anima a rua em plena Jackson Square. Há um gordo enorme e suado com um trombone imenso. A música ecoa por todo o lado, em New Orleans, desde as bandas de rua aos jeeps que passam em frente ao “Planet Holywood” com as colunas no máximo.
A qualquer momento, desponta uma cena de rua só possível de assistir em New Orleans: De repente, uma procissão liderada por uma banda de jazz atravessa a pé a Decatur Street, criando um enorme engarrafamento. De outra vez, são dois noivos que passam em plena Decatur Street numa charrete para turistas.
Desde que o boom de exploração de petroleo e gaz terminou em meados de 80, que o Estado do Louisiana tem tentado encetar a recuperação económica, entre outras coisas, através do jogo e dos casinos flutuantes. Um tlin, tlin, tlin frenético não para nunca nas salas coloridas do Flamingo Casino. Tentamos a sorte numa máquina de 25 cêntimos mas em breve a nossa reserva de cinco dolares esgota-se. Jogadores inveterados seguram grandes baldes de plástico cheios de moedas. No andar de cima, joga-se nas mesas, sob o olhar atento dos croupiers. Mas lá em cima, arrumado a um canto mas fazendo-se ouvir por todo o barco, está a inevitável banda de jazz.
À noite, o trânsito na Bourbon Street é impossível. De copo de cerveja na mão, vendidos a dois dolares em pequenos bares enfiados entre os outros estabelecimentos, em grupos, gente de todo o lado entra e sai das dezenas de bares e restaurantes. É possível ouvir da rua concertos de jazz, blues, cajun ou zydeco sem se entrar em nenhum bar. As portas estão sempre abertas e a multidão é convidada a entrar por porteiros joviais que acabam a conversar em alta vozoaria com os forasteiros.
O único local onde é verdadeiramente difícil entrar chama-se Preservation Hall, o templo do dixieland jazz tocado pelos velhos instrumentistas numa sala decadente onde o que conta é a música. Para a maioria dos turistas, é uma vergonha regressar a casa e confessar que não se foi ao Preservation Hall. Por isso, ainda não são 19h e os preserverantes turistas formam fila à porta.
Nós conseguimos lá entrar a um dia de semana e mesmo assim, ficámos em bicos de pé, na sala claustrofóbica, a ouvir jazz de outras eras tocado pelos velhos músicos, que começam a actuação por explicar que não são permitidas fotos com flash.
“Mostra as mamas! Mostra as mamas!”, gritam das varandas de ferro rendilhado da Bourbon Street dezenas de rapazes e raparigas que atiram colares a quem, homem ou mulher passe em baixo na rua e prometa despir-se. “Hei, ela vai casar!”, grita uma loira, apontando para a acompanhante, que segura uma garrafa de cerveja na mão. “Yeah, é verdade, vou-me casar!”, grita lá para cima.
À medida que a noite avança, a multidão vai ficando mais desordeira e selvagem. Começam a aparecer os primeiros a cambalear ou a gritar no meio da rua, de garrafa na mão. Entre os restaurante de comida creoula e cajun, há shows de luta feminina na lama, espectáculos de strip tease e bares de prostitutas. Mas tudo coexiste pacificamente e as famílias são vistas a apreciar montras de roupa sado-masoquista com a mesma complacência com que admiram as múltiplas lojas de souvenirs e e t-shirts.
Na Bourbon, a polícia nada conseguiria fazer a pé e muito menos de automóvel, por isso, polícias a cavalo em grupos de dois, circulam pela multidão. Um grupo de raparigas em euforia alcoólica mete conversa com um jovem polícia, faz festas ao cavalo e grita: “é ele! É aquele ali na varanda!” Prenda-o! Roubou um Banco! Go on!”
No meio da rua, segurando uma enorme cruz de madeira, um grupo de baptistas tenta propagar a fé cristã no covil do pecado. “Tens Jesus em ti? Sentes Jesus?”, pergunta-nos Claire, uma morena algo alucinada que descreve toda aquela gente que passa por ela a divertir-se como “um bando de pecadores”. Já vamos a virar a esquina e um dos pregadores aparece-nos esbaforido, a correr e sorridente. “Está aqui, achei, um folheto em português!” Dá-nos um folheto onde se lê “Cristo salva” e desaparece entre a multidão.
New Orleans foi construída em grande parte em redor das plantações e os complexos habitacionais dos escravos junto a muitas mansões tornaram-se comunidades negras. Outras, foram criadas nos anos 50, como bairros sociais, a que em New Orleans dão o nome de “housing projects”. Esses bairros, a norte do French Quarter onde passeiam os turistas, são o habitual palco da violência relacionada com a droga. É de lá que vêm os miúdos que fazem sapateado na Decatur Street.
Nick, 12 anos, veio do Belleville Housing Project. Olha-nos com um ar desconfiado quando lhe começamos a fazer perguntas. A caixa no chão está vazia e Nick parece mais preocupado em enchê-la do que em responder às nossas perguntas. Tem as pernas cheias de feridas e preocupa-se em estancar as feridas. Depois, vira-se para nós: “Hei man, e que tal uma gorjeta?” Só sossega quando lhe passamos para a mão uma nota de um dolar e mesmo assim desata desenfreadamente a sapatear quando aparece um negro mais velho que o admoesta: “Não fales com ele!”
Acabamos a nossa última noite em New Orleans no enorme Mulate’s, um salão grande cheio de mesas com toalhas de vermelho e branco e uma banda cajun, violino e acordeon a todo o vapor, a fazer dançar os casais na pista.
Um dos grandes ex-libris de New Orleans são os barmen, como Tony, o do Mulate’s, que pergunta se conseguimos passar uma azeitona presa num copo para outro copo sem o levantar. Roda o copo com a azeitona lá dentro até ela girar de tal forma que é possível passa-la para o outro copo.
Ao fim de uma mistura de champanhe e sumo de laranja com rum mais dois Bloody Mary com molho cajun, a sensação de ter de deixar New Orleans é completa. Tentamos esquecer que vamos embora no dia seguinte mas como, se a pista está cheia de casais a rodopiar ao som do cajun, convidando-nos a ficar?
Esta foi a primeira pessoa que conhecemos em New Orleans e como ela, muitas nos deixaram a marca e a saudade da capital da Louisiana. Dificilmente se consegue deixar a cidade imune porque New Orleans se encarrega de nos envolver e o melhor que temos a fazer é aderir a ela, aos sons, aos cheiros, às gentes.
Decatur Street, Jackson Square, portas abertas dos restaurantes, ventoinhas sempre a rodar, os leitores da mão, os pintores de rua, os vendedores de balões que os retorcem na cabeça, dolares a rodar de umas mãos para as outras, New Orleans é uma festa.
Em New Orleans, não precisa de levar amigos porque se fazem amigos em todos os sítios onde se entra. Lembramo-nos de Rita, a chilena, que nos recebe à porta do Planet Holywood ou Jerry, o barman da House of Blues, que grita “Come on girls!” sempre que vê uma silhueta feminina à entrada da sala ou Johnny, do Planet Holywood. Perguntamos-lhe bem à portuguesa, muito sussurrantes: “ o que é que este gajo do lado está a beber?”. Responde em voz alta, quase a gritar: “oh! This guy here?” O homem, muito vermelho, sorri sem qualquer embaraço. “este gajo está a beber bourbon com coca-cola!”
Há gente por todo o lado, percorrendo as ruas do French Quarter. Em qualquer restaurante ou café como o G& B Courtyard, em que o jazz combina com o zap, zap das ventoinhas, os turistas bebem água em copos carregados de gelo. As ventoinhas estão por todo o lado em New Orleans, onde um bafo de ar quente e húmido nos recebe mal saímos da porta do avião. Até nas esplanadas há ventoinhas, como no bar The Gazebo, em pleno mercado francês, onde uma banda de velhos jazzistas ainda o ambiente.
Pode-se encontrar de tudo no French Market, um tecto de madeira coberto de ventoinhas: negras de chapeu de palha sentam-se em frente a grande ventoinhas vendendo cabeças de crocodilos de boca aberta. Enquanto o céu de New Orleans escurece e a cidade abafa com o calor, um negro dorme de boca aberta, entre caixas e caixas de fruta. Somos rodeados, entretanto, por frascos e frasquinhos de Jambalaya e gumbo, pozinhos de todos os sabores e cheiros.
New Orleans, nesse fim de semana, é um espectáculo de americanos em férias, pejando as ruas num frenesim colorido, enchendo as arcadas com copos enormes de coca-cola na mão. Famílias inteiras passeiam de calções e t-shirt, os pais de oculos espelhados.
Um palhaço diverte as hordas de turistas que enchem a esplanada do Café du Monde. Hoje, essa instituição de New Orleans pouco guarda de 1860 e enche-se de forasteiros que comem “beignets” cobertos de açúcar. Um velho senta-se sorridente numa banqueta onde se lê: “yes, take all the pictures you like and please, leave a generous donation”.
New Orleans é uma cidade de cheiros e sabores únicos. Passear pelo mercado francês de narinas abertas aos condimentos creoulos ou cajuns ou comer num restaurante é uma experiência especial. Depois de uma muito low budget refeição no McDonald’s, experimentámos a cozinha de New Orleans no Mr. B’s, um enorme espaço requintado de tecto de madeira recheado de ventoinhas. Fomos servidos por Juan, um peruano, de cabelo pretíssimo coberto de gel, que perdia metade do tempo a conversar em espanhol com duas colombianas e uma guatenalteca muito esculturais e faladoras. “Nunca foram ao Perú? Porquê? Têm medo?”
O requinte do prato, uma mistura de comida francesa com especiarias e temperos locais divinos transformou a refeição num banquete. Os empregados, vestidos a rigor mas sem afectação, são de uma simpatia descontraída. Quando procuramos a casa de banho, um rapaz de jaqueta faz-nos sinal com um dedo e indica-nos umas escadas com uma entrada de portão em ferro. Abre-nos o portão, prestável, mesmo sabendo que a gorjeta nunca lhe caberá a ele.
Mais abaixo, uma espectacular brass band de miúdos negros anima a rua em plena Jackson Square. Há um gordo enorme e suado com um trombone imenso. A música ecoa por todo o lado, em New Orleans, desde as bandas de rua aos jeeps que passam em frente ao “Planet Holywood” com as colunas no máximo.
A qualquer momento, desponta uma cena de rua só possível de assistir em New Orleans: De repente, uma procissão liderada por uma banda de jazz atravessa a pé a Decatur Street, criando um enorme engarrafamento. De outra vez, são dois noivos que passam em plena Decatur Street numa charrete para turistas.
Desde que o boom de exploração de petroleo e gaz terminou em meados de 80, que o Estado do Louisiana tem tentado encetar a recuperação económica, entre outras coisas, através do jogo e dos casinos flutuantes. Um tlin, tlin, tlin frenético não para nunca nas salas coloridas do Flamingo Casino. Tentamos a sorte numa máquina de 25 cêntimos mas em breve a nossa reserva de cinco dolares esgota-se. Jogadores inveterados seguram grandes baldes de plástico cheios de moedas. No andar de cima, joga-se nas mesas, sob o olhar atento dos croupiers. Mas lá em cima, arrumado a um canto mas fazendo-se ouvir por todo o barco, está a inevitável banda de jazz.
À noite, o trânsito na Bourbon Street é impossível. De copo de cerveja na mão, vendidos a dois dolares em pequenos bares enfiados entre os outros estabelecimentos, em grupos, gente de todo o lado entra e sai das dezenas de bares e restaurantes. É possível ouvir da rua concertos de jazz, blues, cajun ou zydeco sem se entrar em nenhum bar. As portas estão sempre abertas e a multidão é convidada a entrar por porteiros joviais que acabam a conversar em alta vozoaria com os forasteiros.
O único local onde é verdadeiramente difícil entrar chama-se Preservation Hall, o templo do dixieland jazz tocado pelos velhos instrumentistas numa sala decadente onde o que conta é a música. Para a maioria dos turistas, é uma vergonha regressar a casa e confessar que não se foi ao Preservation Hall. Por isso, ainda não são 19h e os preserverantes turistas formam fila à porta.
Nós conseguimos lá entrar a um dia de semana e mesmo assim, ficámos em bicos de pé, na sala claustrofóbica, a ouvir jazz de outras eras tocado pelos velhos músicos, que começam a actuação por explicar que não são permitidas fotos com flash.
“Mostra as mamas! Mostra as mamas!”, gritam das varandas de ferro rendilhado da Bourbon Street dezenas de rapazes e raparigas que atiram colares a quem, homem ou mulher passe em baixo na rua e prometa despir-se. “Hei, ela vai casar!”, grita uma loira, apontando para a acompanhante, que segura uma garrafa de cerveja na mão. “Yeah, é verdade, vou-me casar!”, grita lá para cima.
À medida que a noite avança, a multidão vai ficando mais desordeira e selvagem. Começam a aparecer os primeiros a cambalear ou a gritar no meio da rua, de garrafa na mão. Entre os restaurante de comida creoula e cajun, há shows de luta feminina na lama, espectáculos de strip tease e bares de prostitutas. Mas tudo coexiste pacificamente e as famílias são vistas a apreciar montras de roupa sado-masoquista com a mesma complacência com que admiram as múltiplas lojas de souvenirs e e t-shirts.
Na Bourbon, a polícia nada conseguiria fazer a pé e muito menos de automóvel, por isso, polícias a cavalo em grupos de dois, circulam pela multidão. Um grupo de raparigas em euforia alcoólica mete conversa com um jovem polícia, faz festas ao cavalo e grita: “é ele! É aquele ali na varanda!” Prenda-o! Roubou um Banco! Go on!”
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New Orleans foi construída em grande parte em redor das plantações e os complexos habitacionais dos escravos junto a muitas mansões tornaram-se comunidades negras. Outras, foram criadas nos anos 50, como bairros sociais, a que em New Orleans dão o nome de “housing projects”. Esses bairros, a norte do French Quarter onde passeiam os turistas, são o habitual palco da violência relacionada com a droga. É de lá que vêm os miúdos que fazem sapateado na Decatur Street.
Nick, 12 anos, veio do Belleville Housing Project. Olha-nos com um ar desconfiado quando lhe começamos a fazer perguntas. A caixa no chão está vazia e Nick parece mais preocupado em enchê-la do que em responder às nossas perguntas. Tem as pernas cheias de feridas e preocupa-se em estancar as feridas. Depois, vira-se para nós: “Hei man, e que tal uma gorjeta?” Só sossega quando lhe passamos para a mão uma nota de um dolar e mesmo assim desata desenfreadamente a sapatear quando aparece um negro mais velho que o admoesta: “Não fales com ele!”
Acabamos a nossa última noite em New Orleans no enorme Mulate’s, um salão grande cheio de mesas com toalhas de vermelho e branco e uma banda cajun, violino e acordeon a todo o vapor, a fazer dançar os casais na pista.
Um dos grandes ex-libris de New Orleans são os barmen, como Tony, o do Mulate’s, que pergunta se conseguimos passar uma azeitona presa num copo para outro copo sem o levantar. Roda o copo com a azeitona lá dentro até ela girar de tal forma que é possível passa-la para o outro copo.
Ao fim de uma mistura de champanhe e sumo de laranja com rum mais dois Bloody Mary com molho cajun, a sensação de ter de deixar New Orleans é completa. Tentamos esquecer que vamos embora no dia seguinte mas como, se a pista está cheia de casais a rodopiar ao som do cajun, convidando-nos a ficar?
1 Comments:
At 10:54 da tarde, Anónimo said…
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