estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2005-12-14

Prostituição para debaixo do tapete

Os candidatos presidenciais Jerónimo de Sousa e Cavaco Silva concordaram ontem num debate televisivo que a prostituição não deve ser legalizada. Cavaco disse que lhe custa a aceitar a prostituição e que "a venda do corpo da mulher possa ser encarada como uma profissão normal". Jerónimo de Sousa afirmou que é claramente contra "que se legalize uma forma brutal muito idêntica à escravatura".
Portugal possui uma indústria florescente de bordeis ou bares de alterne onde as prostitutas são, na maioria dos casos, jovens estrangeiras ilegais. Muitas vivem em reclusão ou regime de sequestro por parte dos chulos que lhes ficam com o passaporte e sofrem todo o tipo de abusos físicos e psicológicos. O Serviço de Estrangeiros (SEF) visita algumas casas, faz algumas detenções, cobra umas multas, num folclore que não esconde o essencial: A indústria ilegal da prostituição em Portugal floresce sob o assobiar para o lado do Estado.
O Estradas Perdidas é 100 por cento a favor da legalização e do fim da hipocrisia.

3 Comments:

  • At 6:15 da tarde, Blogger nspfa said…

    O scorpio rising vem-se associar à ideia favorável a uma legalização e regulamentação da prostituição em Portugal.Mais uma vigilancia apertada e obrigatoriedade no cumprimento de determinadas regras de saúde pública, com o fim de reduzir o flagelo de infecção por hiv nos homens que procuram este meio de alcançar prazer.

     
  • At 7:11 da tarde, Blogger Carlos said…

    Um filme que mostra a realidade brutal dos bares de alterne é «Noite Escura», do João Canijo; e essa realidade é chocante!

    Também sou a favor da legalização.

     
  • At 11:19 da manhã, Blogger MDA said…

    E essa posição defendida tanto por Cavaco como por Jerónimo não demonstra senão um machismo da pior espécie arrogando-se o direito de decidir o que as mulheres fazem ou não com o seu corpo.

     

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