estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2006-01-23

Políticos novos precisam-se

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Foto Miguel Vidal

Nas eleições presidenciais de ontem, a esquerda perdeu e ganhou a direita. Mas mais do que isso, perdemos todos, não só porque nada de novo foi discutido durante a campanha como esta se revelou muito mais um combate de egos de políticos em fim de carreira do que um debate de ideias. Por isso, mais de 37 por cento dos eleitores não votaram e a maioria dos que votaram, fizeram-no no homem que lhes promete alguma coisa, o que também não é novidade em Portugal. Agora, digam-me se mudou verdadeiramente alguma coisa... O pântano pretensamente social-democrata mantem-se no poder, as clientelas também e quem mandam são os grandes empresários, a Banca e os grandes empreiteiros. Ao leme estão dois homens muito mais parecidos entre si do que parece à primeira vista: Sócrates e Cavaco. Ambos falam pouco, expõem-se pouco e só aparecem quando lhes convem. Vira o disco e toca o mesmo.
Pessoalmente, gostava que o estilo salazarento e conservador de Cavaco tivesse perdido e não esqueci os seus dez anos de governação nem a forma como largou tudo nas mãos de Fernando Nogueira para se candidatar à presidência em 96. Mas também não percebo a histeria triunfalista e revanchista de alguns comentadores de direita. Até porque a esquerda, na minha humilde opinião, já tinha perdido antes, com a chegada ao poder de José Sócrates.

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