Enquanto a única coisa que verdadeiramente desejamos é chegar o mais próximo possível daquela fracturante e portentosa massa de gelo, vamos ouvindo as histórias da última grande fractura de 2004.
“Foi tão grande”, contava o guia, “ que se ouviu em El Calafate”. Essa não era a única história que tinha para contar. “Estão a ver aquele muro gelado do glaciar. Aqui há tempos houve um guia que enlouqueceu e se atirou a água e ainda se pôs a querer trepar as paredes do glaciar”.
À medida que o barco avançou pelas águas geladas do Brazo Rico, não houve mais tempo para grandes histórias. Barretes enfiados até às orelhas e cachecóis a tapar o rosto até ao nariz, a maioria dos turistas posicionou-se de forma a fotografar ou filmar o cada vez maior e gigante glaciar. O espectáculo visual do branco e azul batidos pelo sol da manhã de Outono era indescritível. “Tiveram muita sorte. Tem estado a chover. Hoje têm um dia sem nuvens e sol aberto”, explicava o guia.
Ao show visual, juntava-se o som das fracturas, do gelo a partir. De repente, mesmo à nossa frente, um pedaço de glaciar branco partiu, deslizou e caíu em pedaços na água gelada, permitindo ver o azul sulfato da superfície interior do Perito Moreno. Para quem conduz o barco ou para o guia que deixou Buenos Aires há três anos para trabalhar na indústria do turismo local, é a rotina. Para nós, que ali chegáramos à meia hora, foi a felicidade. Invejámos um grupo de turistas bem equipados que subia pela massa fracturante do glaciar do lado esquerdo e parecia um bando de formigas a caminhar sobre a superfície desnivelada e instável do Perito Moreno.
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