estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2005-02-02

A arma de arremesso

"Acho péssimo que se use a vida privada de quem quer que seja para usar isso como arma de arremesso político"
"É verdade. Passa-me aí a tabulete de chocolate. Ainda tens aí a revista que trazia o Diogo Infante na capa?"
"Não, emprestei-a ao teu irmão, já te esqueces-te? Mas tenho aqui o "Crime" com a história toda na capa. Espetam a vida das pessoas na capa das revistas, dos jornais..."
"É, é indecente. Dá cá para eu ler."
"Na não, primeiro vou ler eu. Curioso..."
"Curiosa! Aposto que tens passado o tempo todo a comentar o boato com as amigas..."
"Mas nunca usaria o boato como arma de arremesso político"