estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2005-02-25

Um bilhete por amor de Deus

À frente de uma pint de guiness, num bar irlandês:
- Cresci a ouvi-los. Ainda me lembro do primeiro lp com aquele rapazinho na capa. Deve ser um homem agora. E o Bono quando cantava o "Sunday Bloody Sunday"? Tenhos os discos todos, os dvd's todos, canto o "When The Streets Have No Name" sempre que os amigos me pedem. É o The Edge a malhar e eu a curtir. Um esquema quase de telepatia, percebem? Até fui a Joshua Tree por causa deles. Um calor do caraças para ver uma árvore raquítica no meio do nada! Estive na mesma rua onde o Bono beijou aquela loira no video de Las Vegas. Vocês estão-se a rir por que não viveram uma vida com os U2. Vinte e tal anos...E quando andei feito maluco a correr pela relva do Slane Castle só para imaginar a atmosfera do concerto do DVD? Merda! Quero um bilhete! Foda-se! John, oh bartender do caralho, arranja-me um bilhete!
- Júlio, bebe o que quiseres, conversa o que quiseres mas comporta-te como um homem, senão sou obrigado a pôr-te na rua. Se ficares mais calmo sirvo-te um Jameson...
- Uuuuuuuuhhhh...não percebes que o que eu preciso é de um bilhete, homem de Deus, um bilhete..."With or without youuuuuuuuuuuuuu..."