Mijou que eu vi!
Praça da República, Coimbra, cerca das 2h00 da manhã. "Oh chefe! Chegue aqui!" Oh chefe? Oh chefe chegue aqui? Mas que modos são estes? Eu paguei a conta...Volto atrás e deparo com um empregado pequeno, ruivo, a marca de um qualquer acidente no olho esquerdo que lhe entorta a sobrancelha. "Ouça lá, você sabe que mijar é no urinol, não é no lavatório..." São duas da manhã, já passaram por aquele café esplanada da Praça da República dezenas e dezenas de bebedores de cerveja.
O tribunal está, contudo, montado. Um outro empregado observa-me de alto a baixo. De que é que você está a falar?, pergunto. O empregado do olho torto explica que um cliente me viu a urinar para o lavatório da casa de banho. Não posso crer. Dirijo-me ao balcão, peço o livro de reclamações, exijo que tudo seja esclarecido senão deixarei a minha raiva e revolta gravadas com furor no livro de reclamações. "Eh pá, oh chefe, não se exalte, é que um cliente diz que o viu..." E onde está o imbecil desse cliente? "Eh pá, isso aí..."Dez minutos mais tarde. Explico que dali não saio. Das duas uma, ou me dão o livro de reclamações ou o cliente aparece para pôr tudo em pratos limpos.
Reparo no rosto encabulado de um homem jovem, de cabelo eriçado com gel e uma camisa barata estilo Hawai via Feira da Malveira. De tanto lhe dirigir o olhar rancoroso, levanta-se e vem ter comigo: "Ouça, fale baixo, se você não fala baixo não dá para nos entendermos". Falar baixo? "Então você diz aos empregados que me viu a mijar no lavatório e agora quer que eu fale baixo?" Argumenta que me viu a saír da casa de banho e que quando lá entrou o lavatório cheirava a mijo. "E então?", pergunto. "Pronto, não vi nada, errei, peço desculpa..." O empregado do olho torto: "Oh chefe, pronto, peço desculpa..."
Saio porta fora, um suor animal a molhar-me a testa e a colar-me a t-shirt às costas. Entro noutro café da Praça da República. Peço outra cerveja sem alcool. Bebo-a de um trago. Não, não fui à casa de banho.
O tribunal está, contudo, montado. Um outro empregado observa-me de alto a baixo. De que é que você está a falar?, pergunto. O empregado do olho torto explica que um cliente me viu a urinar para o lavatório da casa de banho. Não posso crer. Dirijo-me ao balcão, peço o livro de reclamações, exijo que tudo seja esclarecido senão deixarei a minha raiva e revolta gravadas com furor no livro de reclamações. "Eh pá, oh chefe, não se exalte, é que um cliente diz que o viu..." E onde está o imbecil desse cliente? "Eh pá, isso aí..."Dez minutos mais tarde. Explico que dali não saio. Das duas uma, ou me dão o livro de reclamações ou o cliente aparece para pôr tudo em pratos limpos.
Reparo no rosto encabulado de um homem jovem, de cabelo eriçado com gel e uma camisa barata estilo Hawai via Feira da Malveira. De tanto lhe dirigir o olhar rancoroso, levanta-se e vem ter comigo: "Ouça, fale baixo, se você não fala baixo não dá para nos entendermos". Falar baixo? "Então você diz aos empregados que me viu a mijar no lavatório e agora quer que eu fale baixo?" Argumenta que me viu a saír da casa de banho e que quando lá entrou o lavatório cheirava a mijo. "E então?", pergunto. "Pronto, não vi nada, errei, peço desculpa..." O empregado do olho torto: "Oh chefe, pronto, peço desculpa..."
Saio porta fora, um suor animal a molhar-me a testa e a colar-me a t-shirt às costas. Entro noutro café da Praça da República. Peço outra cerveja sem alcool. Bebo-a de um trago. Não, não fui à casa de banho.
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