estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2005-04-09

O CASO JOSÉ REIS NÃO MORREU (ver post de 13 de Março)

O caso José Reis, o instrutor de windsurf que se terá suicidado em Março na cela da esquadra da PSP de Lagos, estava destinado a ser esquecido. A família não falava, a polícia muito menos e diversas mentiras foram sendo divulgadas em forma de notícia. Que um homem tinha provocado desacatos à porta de um bar, que tinha insultado várias pessoas...a pedido da família a polícia não podia divulgar o local da detenção nem o porquê da mesma...
Mais tarde, quando se começou a investigar, surgiu a contra-informação: Que o José Reis tinha estado 12 anos preso, que teria sido ele a usar o spray dentro do bar quando toda a gente sabia que tinha sido o sub-chefe Domingos...enfim...
De modo que é bom ver que as interrogações continuam vivas. Na revista de domingo, dia 27 de Março, do "Correio da Manhã", a jornalista Fernanda Cachão lança ainda mais luz sobre o que toda a gente queria esconder. De novo, na reportagem, ficámos a saber mais pormenores sobre a cela, o enforcamento e sobre o seu passado como toxicodependente: "Meteu-se nos fumos, depois na heroína. José fez o trajecto dos toxicodependentes e chegou a vender pequenas quantidades de droga. (...) Na roda viva da toxicodependência travou conhecimento com o subchefe Domingos – "Ele nunca conseguiu agarrar o Zé. Acho que o Domingos ficou com isso atravessado, sempre que se encontravam a onda entre ambos era muito má."
Outra achega, as razões da pena suspensa de José Reis: "Nos anos difíceis, José ganha ainda pena suspensa por se ter envolvido numa cena de copos e pancada em que levou e deu, em que mordeu um dedo ao fulano que lhe arreava".
Fica por contar, por manifesta mas compreensível falta de colaboração num caso sobre investigação superior, a vida do sub-chefe Domingos, "conhecido pela exemplar folha de serviços" e que "insinua" o que já nós todos sabíamos, " que José Reis nunca foi um menino de coro".
A pergunta que fica é esta: Mas porventura algum dos dois protagonistas desta história eram meninos do coro?