estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2004-04-29

Nas estradas perdidas I

Na escuridão solitária da noite da estrada, os relâmpagos repentinos que atravessam a cabine por poucos segundos transformam-se rápidamente em rotina: os faróis dos camiões em sentido contrário, o neon fugaz das gasolineiras ou de um ou outro estabelecimento. Ao fim de milhares de quilometros, uma espécie de anestesia por cansaço apodera-se de ti, camionista errante, o rosto manchado de um azul púrpura ou do verde enebriante da BP estampando-se-te no rosto.