estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2004-05-20

Que chatice...parem de caír!

No mundo ocidental é assim. Os ilegais irrompem de dentro de camiões de carga, das tampas dos esgotos, das vagas do mar de Tarifa, debaixo de autocarros excursionistas. Agora até nos caiem do céu, como aconteceu terça-feira na quinta do senhor Sequeira, na Charneca da Caparica. Metem-se nos trens de aterragem dos aviões e tentam entrar. Já sabem que não podem, porque é que tentam? Com tanta ajuda humanitária...os camiões e camiões que enviamos todos os anos para África e eles sempre a quererem entrar. Querem o que nós temos mas nem todos podem ter DVD's, video, televisão a cores, dois pratos de comida por dia, cama e roupa lavada com dois lençois e almofada, querem as nossas mulheres, os nossos centros comerciais, as nossas coca-colas e as nossas pipocas. Agora caiem do céu...E amanhã, como será? Quem indemniza o senhor Sequeira, que ficou com a sua latada primeiro-mundista danificada? Que chatice...nós aqui tão sossegados...tão brancos, tão imaculados, limpos...dá-me mais um Ferrer Rocher...