estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2005-02-03

"E quem não salta é laranjinha!"

O "PÚBLICO" noticia que o PS está a pedir aos seus militantes que não acorram, hoje à noite, aos estúdios da Valentim de Carvalho em Paço de Arcos, de onde será transmitido o único frente-a-frente desta campanha entre Pedro Santana Lopes e José Sócrates, por temer que "o ambiente aqueça" entre as "claques" dos dois partidos. Em 2002, no frente-a-frente Durão/Ferro nos estúdios da SIC em Carnaxide, o ambiente aqueceu e esteve a muito pouco de se chegar em cenas de confronto físico.

Chega a claque do PSD, escoltada por elementos do Corpo de Intervenção da PSP: "E esta merda é toda nossa, olé, olé! E esta merda é toda nossa, olé, olé!" Desatam aos pulos: "E oh Sócrates, vai para o car...!" A claque do PS vem dos lados de Oeiras, algo cansada, porque teve de vir a pé, escoltada pela polícia. "E quem não salta é laranjinha,olé, olé!E quem não salta é laranjinha, olé, olé!" Um elemento da Claque ergue o seu microfone: "Pessoal, vamos cantar, um, dois e três: "Força PS, vamos vencer, Somos PS até morrer!"
As coisas começam a aquecer do lado laranja: "Santaaaana, Santaaaana!" Um elemento da claque do PSD consegue surripiar uma bandeira do PS, pega no isqueiro e vai mesmo queimá-la. Não, afinal, dois polícias "infiltrados" conseguiram chegar a tempo. O homem é manietado e levado para uma carrinha azul do corpo de intervenção.
À porta dos estúdios, um assessor partidário indireita nervosamente a gravata amarela com pequenos peixinhos: "Não havia necessidade..."