estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2005-02-28

Habitua-te tu, oh Vitó!

O jornalista Luciano Alvarez deu hoje a resposta certa, nas páginas do "Público", ao muito neo-cavaquista "habituem-se" de António Vitorino. Não, não se trata de um resposta do corporativismo jornalístico mas sim uma resposta de quem preza a liberdade de imprensa e não pactua com hipocrisias.

"Habituem-se a quê? A que os jornalistas não façam perguntas quando as há para fazer? A um mundo maravilhoso em que os jornalistas obedientes só aparecem quando os políticos querem fazer propaganda? Habituem-se a quê? A que a informação só passe através do cada vez mais ridículo "off-the record", muitas vezes transmitido pela arraia-miúda dos assessores de imprensa, para que, no dia sequinte, feitos os estragos ou dados os recados, o "peixe graúdo" possa gerir o assunto de acordo com os seus interesses?
Há nas redacções uma minoria que aceita fazer "jornalismo" assim, mas a grande maioria não. E vai ter sempre perguntas para fazer: porque os cidadãos têm direito a explicações de quem os governa, e muitas vezes os jornalistas são o único veículo para os obterem"
Luciano Alvarez, Público, 28/2/2005

Totalmente de acordo.