estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2005-04-21

Nobody knows Nobody cares

Calçada da Ajuda. Passeio junto ao muro do Palácio de Belém, em Lisboa. Um buraco relativamente grande, tapado com uma placa de contraplacado, junto a uns blocos em cimento e uma fita a esvoaçar ao vento deita água há meses. Um dos polícias junto ao portão do palácio comenta: "Está a escorrer água? É porque ninguém arranjou..."
A EPAL diz que um piquete foi chamado ao local há meses, mas que a empresa "não tem poder para intervir, uma vez que se trata da rede privada da Presidência da República".
A Presidência da República diz que não existe ruptura nem na rede de água, nem na rede de esgotos do palácio: "Ninguém sabe de onde vem o fio de água. Deve provir de uma nascente qualquer".
Mistério, intriga palaciana, dúvidas, um passeio que surge esburacado e deita água junto ao Palácio de Belém, água, esse bem precioso em tempo de seca. Aqui, no Estradas Perdidas, não perca o próximo episódio de "Nobody Knows, Nobody Cares"