estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2005-04-17

O ESTRADAS PERDIDAS FAZ ANOS DIA 26


Foto de Winston Swift Boyer do livro "Rediscover American Roads", 1989 Posted by Hello

Sim, há pouca gente aqui mas prefiro assim do que aquele movimento todo da cidade, percebe? Às vezes, passam-se dias sem passar aqui ninguém. Você, por exemplo, ainda não percebi bem como deu com isto. Já ter conseguido trazer a carripana até cá acima com este calor foi uma sorte. Você se queria seguir para Oliveira do Hospital, era seguir sempre em frente. Não está lá a placa em baixo a indicar? Ah, não está? Essa rapaziada nova diverte-se a mandar com as placas abaixo. Olhe, por causa deles é que você veio parar cá acima. Eu já não me ralo. A gente quer dar-lhes uma educação e eles não querem. Vêm com a lição estragada da cidade. A maior parte deles vai na camioneta para a cidade de manhã e só volta na carreira ao fim da tarde. É o único movimento que temos aqui, a carreira. E às vezes, uma excursão ou outra, dizem que vêm ver a serra. Gostam destes ares, não sei. Afaga-lhes as narinas. Pois é, então você perdeu-se e veio ter aqui, ao Estradas Perdidas. Seja bem vindo.

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