estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2005-06-16


Posted by Hello Noite de marinheiros na Rua Araújo, 1969

RICARDO RANGEL

"Ricardo Rangel nasceu em Lourenço Marques (actual Maputo) em 15 de Fevereiro de 1924. De origem euro-afro-asiática, grande parte da sua juventude passou-a na casa da sua avó negra e em várias províncias de Moçambique, acompanhando os seus pais que eram enfermeiros.
A imagem fascina-o desde criança, tendo então dedicado ao teatro de sombra. Na adolescência, emprega-se num laboratório de fotografia como ajudante de câmara escura.
Ao entrar para os quadros do jornal "Notícias da Tarde" em 1952, tornou-se o primeiro foto-repórter não branco da colónia.
Será a partir de 1960, já no jornal "A Tribuna", como chefe de reportagem fotográfica, que irá pôr em prática a sua concepção de jornalismo, revolucionando a configuração gráfica dos jornais da época. Em 1970, juntamente com outros quatro jornalistas progressistas, funda a revista "Tempo", a primeira revista a cores a ser editada em Moçambique.
Já depois da independência, em 1977, voltou a dirigir e a formar uma nova geração de foto-repórteres. Em 1981, é nomeado director do semanário "Domingo" e, em 1983, funda o Centro de Formação Fotográfica"

extraído do livro "Pão Nosso de Cada Noite", Ricardo Rangel, ediç. Marimbique