"Podem começar..."
A demolição das primeiras casas abarracadas no bairro da Mata de Santo António da Caparica começara às 9h00 da manhã. Uma vez que muitas pessoas ainda não tinham retirado os haveres das casas, apenas uma havia sido demolida. À medida que se aproximavam as 13h00, os dois jornalistas das televisões presentes evidenciavam nervosismo. Um canal de televisão apostou num directo para o jornal da uma com uma entrevista com o vereador da habitação social de Almada mas...raios, o homem estava a almoçar e não chegou a tempo. O outro canal de TV teve mais sorte. O reporter combinou com as funcionárias da Câmara de Almada a demolição da segunda casa quando ele entrasse em directo. O reporter e o cameramen colocaram-se em frente à casa a demolir. O reporter esperou, através de auricular, que lhe dizessem que ía entrar em directo. Uma funcionária chamou o homem da escavadora: "Senhor demolidor, senhor demolidor..." A ordem vinda do canal de televisão para a entrada em directo nunca mais chegava. O manobrador da escavadora esperava, esperava. As funcionárias pediram à PSP para afastar os curiosos da casa a demolir. Bom, ficámos todos, jornalistas, polícias, operários, habitantes do bairro, funcionárias da câmara, à espera. De repente, um dedo colocado no auricular, o jornalista do canal de televisão deu sinal através do polegar espetado de que tudo podia começar. A máquina avançou, o jornalista começou a falar para a câmara, cimento, tijolo e pó a desfazerem-se por detrás de si. Podemos começar? Podem começar, diz a televisão. E esta hein?
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