estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2006-12-06

A FICHA TÉCNICA DO PÚBLICO OU A VISITA À CASA ASSOMBRADA

Preocupado em refundar o que já refundou, o director do Público
esqueceu-se de refundar a ficha técnica a que todos os leitores do
jornal têm directamente e diáriamente acesso através da página
www.publico.clix.pt/homepage/site/ficha técnica/default.asp.
Como é habitual nestas andanças, reformula-se os nomes cimeiros e esquece-se
a plebe. Acontece que no meio dessa plebe, muita da qual foi convidada
a rescindir, está o meu nome. Rescindi há dois meses com o jornal mas
o meu nome ainda consta lá no meio da arraia miúda. Fosse o director a
rescindir há dois meses e onde já estaria esta ficha técnica...
Dar uma vista de olhos nesta fantástica ficha de puro humor negro é não só um
exercício de espanto como de melancolia masoquista. Quem olhe para ela pensa que um
batalhão de repórteres entusiasmados e dinâmicos continua a cruzar os
corredores do jornal como nos bons velhos tempos de Vicente Jorge
Silva. Só na redacção de Lisboa- a que conheço melhor porque trabalhei
lá 17 anos- contei rápidamente uns 13 fantasmas. Para não falar das
delegações de Aveiro a Faro...Seria concerteza um exercício nostálgico
a visita do director do Público à delegação da Avenida da República
Federal Alemã, no BLOCO C 2 da capital algarvia...
Quer-se dizer, convida-me a rescindir de um jornal que ajudei a
fundar e a manter, e depois mantem-me na ficha técnica? Tire-me dali,senhor director, já que não me quis lá, tire-me desse
filme!

1 Comments:

  • At 3:34 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Já tinha visto essa maravilhosa peça de arte comtemporânea...é o tradicional saudosismo misturado com competência. Abraço

     

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