estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2004-06-15

A MINHA SELECÇÃO

É fácil dizer mal do Scolari: É teimoso, tem uma testa mais dura que a pedra da serra gaúcha, bebe chimarrão e é brasileiro. Mas eu próprio tenho estado, envolto na bandeira portuguesa, evidentemente, a tentar formar uma selecção que bata a Rússia e empate com a Espanha e estou em dificuldades. Como benfiquista, seria uma dor de alma, um bate coração e arrepia a espinha ter de te dizer, Rui, sim tu, Rui Costa, precisas de ficar no banco e dar lugar ao brasuca do Deco. Já afectado psicológicamente no meu benfiquismo, teria de ter ainda uma maior dose de coragem para falar com o Simão. "Eh pá, Simão, depois jogas à vontade no Benfica, ficas capitão três anos seguidos, mudas de corte de cabelo as vezes que quiseres, levas a Mariana à EuroDisney mas não podes jogar contra a Rússia. Pior do que isso, é que fazendo as contas, a minha equipa ideal extravasa, como já me explicou o meu filho mais novo, os 11 jogadores permitidos pelas regras do futebol. Para bater a Rússia, adeus Ricardo, Moreira na baliza, o Jorge Andrade vai ver se a Corunha está no sítio e entra o irrepreensível Ricardo Carvalho. Depois, colocava dois trincos, Petit e Costinha e depois metia lá para dentro o Figo, o Maniche, o Deco, o Cristiano Ronaldo à esquerda, o Miguel à direita e o Pauleta e o Nuno Gomes a pontas de lança. Feitas as contas, jogávamos com 14 mas ganhávamos. Assim, não sei não...