Rock In Rio em notas soltas e perdidas
O Rock In Rio Lisboa acabou para mim a meio da actuação da Alicia Keys quando os meus olhos raiados de vermelho já só conseguiam ver um borrão de encarnado do fato da cantora e o som do piano parecia vir de longe, de trás do meu cansaço, da poeira, por entre caras, rostos, corpos e corpos indistintos dos 100 mil que estiveram na última noite. Sobrevivera à noite louca e alucinante dos Metallica, os corpos dos fãs a serem resgatados da frente do palco à mesma velocidade com que as luzes das ambulâncias faiscavam lá em cima, junto ao portão. Sobrevivera aos gritos das meninas que quase caíram em cima de mim no espectáculo da Britney Spears, montadas às cavalitas e que diziam: "desculpe, desculpe, desculpe por gritarmos tanto...Briiiiiiitneyyyyyyy!!!!!!" Sobrevivera ao choque emocional de reencontrar a Ivete Sangalo e dei por mim a gritar "Ivveteeeeeee!!!!" como naquela noite quente de Fortaleza em que passei 3 horas debaixo do trio eléctrico da Ivete. A aeróbica do "Levada Louca" e do "Poeira" acabou comigo. Pulei que nem um doido, quase chorei como a Ivete. Afinal, aquela mulher fera, animal de palco, incorpora e representa o Brasil. Depois da Ivete, fiquei como as meninas criança a olhar cabisbaixas para o show dos Black Eyes Peas depois da ilusão cor de rosa da Britney Spears. Terminei no chão da Tenda Vip, as pernas estendidas em terapia, como depois de um violento treino de futebol, a ver a SIC a entrevistar a SIC e o Santana Lopes a comer canapés, ao som do Alejandro Sanz, os olhos a quererem cerrar...
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