estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2004-12-25

Pijamas-0-Meias-2

Este Natal não recebi nenhum pijama mas recebi dois pares de meias e um belo casaco cujo forro brilhante virado para o lado de fora o transforma num blusão para as noites bizarras de Lisboa. Como eu não frequento noites bizarras nem em Lisboa nem em lado algum, vou manter o casaco direitinho. Thank you mam, thank you dad, I know it was mam who did all the job of choosing and buyin' but thank you anyway...
São 18h38 do dia de Natal. Estou na redacção. O braço do plátano em frente à minha janela qualquer dia chega aqui, pode ser...no Verão...A loja do Club Mediterranée, aqui em frente, está escura e vazia mas manteve as luzes azuis. Não há qualquer movimento na Pousada da Juventude. Os cafés estão fechados, o Picoas Plazza está fechado. A livraria Bertrand iluminada e sem ninguém parece um museu de livros que não se venderam no Natal, ainda com as etiquetas "este Natal". A única nota de vida aqui neste canto perdido da Andrade Corvo com a Rua Viriato é o velho arrumador bêbedo e um carro de vez em quando que acaba por parar na esquina com a Fontes Pereira de Melo e mostrar duas luzinhas vermelhas acesas antes de desaparecer. O único estabelecimento aberto em redor é o Galeto. EStá tudo em casa, na suburbia. I wanna go home.