estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2005-03-03

Ele é professor e então e eu, sou o quê?

"O professor regressa. Ainda me hão-de explicar quais os motivos que levam a que uns sejam professores e outros, que também o são, não o sejam. É claro que a televisão leva a imprimir e reforçar certas formas de tratamento. Tantas vezes Marcelo Rebelo de Sousa foi tratado de professor na TVI que a dada altura já não era Marcelo que era o professor, mas, sim, o professor que era Marcelo. Daí que os jornais possam agora apresentar como título aquilo que parece ser um acontecimento nacional: o regresso do professor".
O professor Eduardo Prado Coelho, hoje na sua coluna diária no PÚBLICO

"Então que porra é esta. O gajo só porque abre muito os olhos e tem aquela pinta de gajo com genica e que lê trezentos livros por semana e acompanha a cena política de trás para a frente, é professor. Eu, como sou lento e pastoso e gorduchinho e não fico bem na televisão, já não sou professor, ou quer dizer, não o sou para as massas e não o sendo para as massas, não o sou, realmente, não existo enquanto tal. É isso? Merda de vida..."
Anónimo