estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2005-11-07

"Há muita coisa a mudar" (BBC)

Excertos de um texto de John Simpson,
editor de Assuntos Internacionais da BBC:

“Em 1968,também, o então presidente Charles de Gaulle e os seus ministros falaram firmemente na necessidade de restaurar a ordem imediatamente e, no entanto, nada fizeram”

“Graças à Revolução Francesa, a violência tem ainda uma imagem de virtude que não possui num país como Inglaterra. Quando o governo se torna incapaz de mudar as coisas, têm de ser as multidões na rua a fazer a mudança”

“Há muita coisa a mudar. Já vi muitas vezes como a CRS, a polícia de intervenção francesa, bastante agressiva e feroz, atacou muçulmanos e africanos nas ruas em alturas problemáticas”

“Nicolas Sarkozy, o ministro do Interior, parece estar a fazer política e a jogar politicamente com a situação ao apelar aos sentimentos mais básicos e às atitudes mais ressentidas da França conservadora”.

“A maior parte da violência nas ruas das cidades francesas é irracional, alguma dela maligna. Mas simplesmente reprimir não funcionará e de qualquer forma a polícia de choque já tentou e a sua dureza só fez piorar as coisas”.