estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2004-05-07

Parabéns Gonçalo!

Ontem, o Gonçalo, o meu filho mais novo, fez 13 anos. Sim, passámos o dia a ouvir Avril Lavigne, a comer pizza e a beber Ice Tea Lipton. A mãe estava no estrangeiro por isso tirei uma folga para ficar com ele. À tarde, fomos gastar uns euros no salão de jogos da Rua dos Pescadores, na Costa da Caparica. Aos dias da semana, a costa enevoada e fria, parece ainda mais desolada. Mas temos o salão todo por nossa conta. As máquinas sorveram-nos uns euros. A mim, a dar conta dos recordes do Trivial Pursuit e a ele, nos quizzs de futebol. Mas o pior foi à noite. O Pedro, o mais velho, não sabia a letra todas do Parabéns a Você. Eu também não. A parte final foi arrrastada e murmurada. Depois, O Gonçalo levou uma eternidade a apagar as velas do bolo. Soprava, ria, soprava, ria mais e assim sucessivamente. Mas eu acho que ele gostou que eu deixasse que ele faltasse às aulas da parte da tarde. "Hmmmm, estou a sentir-me mais relaxado", disse-me no salão de jogos, "já vou poder encarar as aulas amanhã de outra forma..."