estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2004-05-04

Memórias da Zambujeira II

Acordo com as vozes de um grupo à procura de um Jorge: “Ouve, o Jorge está aí?” Responde uma rapariga: “Esquece o Jorge, o Jorge ‘tá muita mal”. Voz de um rapaz: “Ouve, o Jorge é que tem as chaves do carro, achas que ele sabe onde estão as chaves do carro?” Responde a rapariga: “Ouve, o Jorge mesmo que leve um monte de estaladas não diz coisa com coisa”. Voz cada vez mais desesperada do jovem: “Ele não sabe onde ‘tá o carro?”. A rapariga: “O Jorge? Ele não sabe onde está a tenda”. Pergunta do rapaz: “Qual tenda?” Resposta da jovem: “Esta tenda, estúpido”.