estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2004-06-22

Festejos

"Eeeeeeehhhh, somos os maiores!" Deixa-me apertar bem a buzina. "Iauuuuu, viva Portugal, pooortugal, Pooortugal! E quem não salta é espanhol, olé, olé! E salta Figo e salta Figo, olé, olé!" Ao meu lado, está um tipo com cara de quem já bebeu meia grade de cervejas e duas amarguinhas. "Vieste festejar porquê? Viste os outros, não é e juntaste-te a este processo processual de massas, não é? No fundo, tu não te estás sentir verdadeiramente feliz, queres sentir-te português", grito-lhe ao ouvido. "Ya", responde, "não percebi nada do que disseste mas tens razão, somos os maiores, bebe da minha cerveja que eu tenho de ir ali até aos arbustos mijar..."