estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2004-11-01

Ainda a Ivete

Depois do sucesso que foi a sua passagem recente pelo Rock In Rio Lisboa, com cerca de 80 mil pessoas a levarem-na à emoção e às lágrimas, Ivete Sangalo regressou agora a Portugal para capitalizar esse êxito. Na noite de sábado, durante cerca de duas horas, no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, a cantora baiana trouxe à capital o seu espectáculo “Ivete 10 anos”.
Quem já conhecesse o DVD “MTV ao Vivo”, gravado a 21 de Dezembro de 2003 no Estádio Fonte Nova, em Salvador, não terá ficado surpreendido com o que viu e ouviu. Perante um Pavilhão Atlântico antecipadamente rendido, cheio de bandeiras portuguesas e brasileiras, pronto a pular e a dançar, no que acaba por se assemelhar a uma gigantesca aula de aeróbica, Ivete chegou, cantou, dançou e convenceu.
O alinhamento das canções foi praticamente o mesmo do disponível no DVD, com a certeza de que o som deste é infinitamente melhor que o abafado e empastelado som do Pavilhão Atlântico. A plateia foi um mar de braços ao som de “Eva”, “Alô Paixão”, “Beleza Rara”, “De ladinho”, “Arerê” e, claro, “Chão da Praça”, que toda gente reconhece quando Ivete ergue o braço e canta “Poooeira...”
Os momentos mais intimistas e talvez os melhores, foram, obviamente quando Ivete largou o axê, os ritmos latino-americanos e o reggae e cantou “Se eu não te amasse tanto assim” e “A lua que eu te dei”. No final, os fãs do Pavilhão Atlântico-o seleccionador Luís Filipe Scolari incluído- tiveram direito a uma segunda sessão de “Chão da Praça” e Ivete fez aquilo que sempre a caracteriza: A baiana de Juazeiro agradeceu um a um aos presentes, leu todos os cartazes escritos em seu louvor na primeira fila e voltou a ser rainha no afecto com que trata os fãs. “Gente, muito obrigada...”


O melhor
A afectividade e o calor humano da baiana do vozeirão. Ivete Sangalo mantem com os fãs uma relação de grande proximidade
O pior
O som do Pavilhão Atlântico, abafado e empastelado