Diniz com Z
Leilão na Secção de Perdidos e Achados da PSP de Lisboa. Um idoso de bengala e uns olhos azuis vivos e observadores licita vários lotes de guarda-chuvas e faz questão de cada vez que licita, explicitar: "Chamo-me Diniz com z". O agente abraça um dos lotes de chapéus amarrados por umas cordas como um ramalhete de flores e diz: Mais um lote para o senhor Diniz com z". Os sacos grandes de plástico reunindo determinada categoria de objectos seguem-se em cima do balcão. Há um saco grande com marmitas e tupperwares, há um saco com roupa usada, e de repente surge um saco de plástico enorme com 40 pares de sapatos usados. O agente coloca-o em cima do balcão e revira-o para que todos os interessados o possam observar: "Atenção que o saco é oferta e o cheiro é grátis!" O leilão não tem fim. Ninguém mostra intenção de arredar pé. Por detrás do balcão, um molhe de velhos discos de vinil, um computador e uma máquina de escrever em braille aguardam a sua vez. O senhor Diniz licita mais um lote e repete: "Diniz com z". A sala larga uma gargalhada.
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