estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2005-12-23

PESADELO

Cenário de pesadelo a 22 de Janeiro de 2006:
Cavaco, o carapau seco, a acenar trinfual aos portugueses, ele e a sua Maria, acenando de uma varanda lisboeta e centralista, Cavaco a sorrir aos portugueses, que o conhecem e a pedir um copo de água, a boca seca, as estrias da pele, também elas secas, Cavaco a repetir com aquela voz rouca e aquele sorriso forçado e amarelo: "Confiança portugueses, confiança..."