estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2006-02-08

A opinião de Cláudio Torres

"No momento em que os países muçulmanos constatam a sua pobreza e chocam com barreiras levantadas pelos países ricos; num momento em que o mundo muçulmano está a ser submetido a ataques económicos e sobretudo militares; num momento em que as comunidades muçulmanas na Europa são vítimas de exclusão e descobrem a sua identidade; nesta altura surgem caricaturas e outras manifestações de hostilidade destinadas a incendiar ódios. É evidente que se trata de uma provocação racista e xenófoba que já produziu os resultados esperados. Não esqueçamos que o jornal dinamarquês que publicou as caricaturas é um porta-voz da direita conservadora do país"
Claúdio Torres, arqueólogo do campo arqueológico de Mértola ao DN