estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2006-10-11

LONESOME HIGHWAY

Sérgio Teixeira, 15 anos, não imagina que mesmo ali por cima começa a mítica estrada da Beira, a N-17. Lá em cima, na ponte enferrujada, ouve-se o troar dos automóveis. Na ponte ferroviária, ao lado, os amigos de Sérgio passeiam pela passadeira metálica que existe por debaixo dos carris e atiram-lhe pedras. Cá em baixo, junto ao Mondego, Sérgio foge às pedras e observa a corrente forte do rio. “Não tenho medo do rio”, afirma. As aulas terminaram na semana anterior e Sérgio tem agora todo o tempo do mundo para atirar pedras às águas do Mondego ou escalar com os amigos as margens inclinadas. Ali em cima, apanhará a carreira 9 ou 10 que o levarão de regresso a casa, no Calhabé.
O céu permanece enevoado mas está calor. “Daqui a um bocado vou tomar banho”. A água não está suja? “Isto não é sujo”, explica Sérgio, “a água está castanha por causa das areias que vêm lá de cima”. De repente, muito ronceiro, passa o vagaroso comboio da Lousã, todo pintado de riscas vermelhas e brancas. Alguém acena lá de cima. “Adeus, que vou para a Lousã”, parecem dizer.
No meio do rio, um casal sentou-se de água pela barriga, muito prazenteiro. Na outra margem, há pescadores de rio e lavadeiras enxaguando roupa colorida em grandes alguidares enquanto um par de namorados brinca tendo as duas pontes como pano de fundo.
Dali, das margens do Mondego, até Celorico da Beira segue a N-17, 135 quilometros de curvas e contra-curvas, pinhais e eucaliptais ladeando a estrada, as serras beirãs fechando o horizonte ao longe. Já houve um tempo em que a estrada era a grande via de acesso às terras da Beira Alta. Foi por ali que fugiu o exército napoleónico na primavera de 1811, quando da terceira invasão francesa. Por ali também desciam e subiam os estudantes que assomavam a Coimbra, vindos das beiras e os comerciantes transportando o queijo da serra e os produtos hortícolas da região. Existia um tráfego certo de automóveis ligeiros que, de Coimbra, se dirigiam às terras da Guarda e a Espanha. Hoje, as vias rápidas roubaram-lhe o movimento e entregaram-na ao trânsito local, aos madeireiros, aos emigrantes regressados, às indústrias de lanifícios das bandas de Seia e Gouveia. “Fazem essas auto-estradas”, lamentava um comerciante, “e roubam-nos o tráfego todo”.
A estrada começa por acompanhar o ramal de caminho de ferro da Lousã para depois seguir junto ao rio Ceira. A Land-Rover Discovery ultrapassa uma ponte nova, provavelmente inaugurada por Cavaco e sobe entre curvas ladeadas de pinheiros, acompanhando as sinuosidades do Ceira. Num grande placard pode ler-se: “Esta floresta está protegida por nós”.
Entre São Frutuoso e Segade encontramos o Nuno Reis, 13 e o Hugo Sales, 14. Desciam a estrada furiosamente em bicicletas de montanha quando os interpelámos. Vestem calções de ciclista e trazem mochilas coloridas nas costas. Vêm da Lousã e seguem para Coimbra, 28 quilometros na N 236 e N17. “Estavamos a pensar em dar um mergulho no Ceira”, explicam. Hugo tem um dos pedais da bicicleta folgado. Pega num alicate para o apertar. “Esta estrada é perigosa mas a gente acautela-se”.
À beira da estrada, há venda de laranjas e vivendas novas que vão substituindo a arquitectura tradicional. Vários ramais podem levar o viandante às terras de Almalaguês, Miranda do Corvo, Lousã, Serpins. Deixamos o Ceira, que quase se enrola com a linha de caminho de ferro e ignora a N-17.
Em Vale de Vaz, antes da longa recta que leva a S. Miguel de Poiares, Maria Fernanda e Paul Thorp dão-vos as boas vindas no bar as “Duas Bandeiras”. Thorp, um britânico com olheiras de noctívago e um bigode simpático serve-nos uma cerveja enquanto explica porque escolheu aquele local. “It’s quiet down here”.
Fernanda conheceu Thorp em Bradford, no norte de Inglaterra, onde viveu 30 anos. Há seis anos compraram uma casa na aldeia da Sobreira e Thorp apaixonou-se pelo local. Maria, por ela, preferiria continuar em Inglaterra mas não conseguiu resistir à paixão de Paul Thorp pela zona da Lousã. Há dois anos compraram o café e transformaram-no num misto de pub inglês e venda portuguesa. Vêem-se canecas penduradas em cima do balcão e panos de marcas de cerveja por debaixo dos copos.
“Abrimos ao meio dia e fechamos às duas da manhã. Passam por aqui rapazes das madeiras e da construção. Temos também ingleses e holandeses, hippies que vivem em Serpins e que descem até cá baixo para celebrar qualquer coisa ou jogar snooker”. Ali na zona, começam a existir pequenas colónias de holandeses e ingleses. “Há 20 ou 30 famílias de ingleses nos arredores de Poiares e em Miranda do Corvo há centenas deles”.
À medida que abandona os campos de cultivo de Poiares, a estrada trepa por encostas cobertas de árvores queimadas. No cimo da encosta, vê-se o vale profundo do Alva rodeado por todo o lado de terrenos queimados. Há fetos e pequenos eucaliptos rebentando junto aos pinheiros carbonizados. Os madeireiros andaram a cortar madeira e juntaram pilhas de barrotes junto à estrada.
“Quer saber se isto dá lucro?”, pergunta entre o desafio e a irritação um madeireiro de S. Martinho da Cortiça. “Dava, se eu tivesse pessoal para trabalhar horas extras e se não fosse tudo para França. Isto está mau. Não é fácil andar aqui a comer o pó...”, afirma enquanto aperta uma porca num camião carregado de madeira.
A conversa começa a azedar quando lhe perguntamos se a madeira da serração é madeira do último incêndio. “É tudo madeira nossa, dos meus avós e trisavós”. Há um tom de desconfiança na sua voz. Começa a brincar por viajarmos de Land Rover: “isso que está a escrever é para quê? Para os ricos verem como os pobres trabalham?Vêm para aqui de jeep armados em ricos...” Respondemos-lhe que não tem nada com isso. Acabamos a ser insultados e com o madeireiro a ir buscar algo ao carro para nos bater. “Seu filho da puta, ponha-se já daqui para fora, você não sabe do que eu sou capaz...” Somos obrigados a bater em retirada da terra da madeira queimada.
A estrada da Beira continua a ladear os pinhais. Sobe-se até à Serra da Moita para encontrar o único motel da N-17, o “American Motel”. Tem uma enorme tabuleta junto à estrada enquanto numa parede pode ver-se o desenho de uma caravela e a inscrição: “Colombo ou Corte-Real?” Ao lado, vê-se a imagem em bronze da Estátua da Liberdade.
O proprietário, Ângelo Martins, 60 anos, recebe-nos com um boné com as iniciais N e Y de New York. Cerca de trinta anos como construtor nos Estados Unidos deram-lhe a desenvoltura com que nos recebe. Nele, o orgulho de ser português mistura-se com a desilusão total em relação aos nossos governantes.
“Diversos governantes foram lá a Newark convidar-nos a investir em Portugal e prometer-nos ajuda financeira. Afinal, era o conto do vigário. Tudo o que você aqui vê é fruto do meu trabalho, não recebi um tostão furado de apoio do Estado”.
Para piorar as coisas, dizem-lhe que o empreeedimento tem de recuar 50 metros para lá da N-17 e por isso, o motel ainda não pôde ser legalizado. “Porque é que não me disseram isso quando comecei a construir?”, pergunta um Ângelo Martins encolerizado. “Não arredo um milímetro. O primeiro que tentar violar aquele gradeamento sai daqui toldado”.
As relações da Ângelo com a ex-JAE passaram a ser de autêntica guerra. Quando colocou uma placa junto à estrada a publicitar o motel, os homens das estradas arrancaram-na e para a reaver Ângelo teve de pagar . “Diga-me lá: é de dar em doido ou não é?”
Até agora o “American Motel” não foi proibido de receber hóspedes mas vive, no entanto, na ilegalidade enquanto o emigrante é obrigado a pagar contribuição autárquica todos os anos. “Nunca fui assaltado em Brooklin ou Harlem e sou assaltado na minha própria terra? O que é isto?”
De novo na estrada, o nosso Land-Rover atravessa pequenas povoações entre denso arvoredo: Venda da Serra, Catraia de Mouronho, Gândara de Espariz, Venda do Porco, Venda da Esperança. É um nunca acabar de curvas e contra curvas. A copa das árvores fecha o céu sobre a estrada e uma paragem de autocarros quase é engolida pelos eucaliptos. O horizonte ao longe começa a agigantar-se. Primeiro, ali mais ao lado, a Serra do Açor. Ao fundo, começam a desenhar-se os contornos da Serra da Estrela.
De vez em quando velhas motorizadas passam vagarosamente por nós deixando um rasto ensurdecedor. José Fernandes, 13 anos, vem a pé. Puxa um carro coberto de feto até cima que a avó lhe disse que fosse buscar à floresta que circunda Vendas de Galizes. “As galinhas estão a precisar de mato, é para pôr debaixo das galinhas”. E lá vai ele, a puxar a carroça.
Ao longo da estrada, os cafés, restaurantes e residenciais indicam a proveniência dos proprietários. Não é raro ler-se tabuletas com “cuisine regional” ou “repas et chambres”. É o Café Paris, o Planalto Huambo, o Café Polana, a Estalagem Moçambicana. Atrás do balcão do Restaurante “M’Ombaka”, em Senhor das Almas, Manuel Figueiredo, 61 anos, agradece que lhe venhamos quebrar o tédio de um estabelecimento às moscas.
“Perdi 90 por cento do movimento com a abertura das vias rápidas e com a crise”, explica o ex-retornado de Angola, “antigamente servia aqui 20 a 30 almoços, hoje quando sirvo quatro ou cinco já é muito bom”. Depois, vira-se para a cozinha e pergunta: “Quantos almoços servimos hoje, Preciosa?” “Um”, responde desoladoramente a cozinheira.
Figueiredo viveu no Lobito 33 anos. “Era uma vida bonita, eu era guarda-livros numa firma, dava-me bem com toda a gente. Isto aqui é uma prisão, não interessa a ninguém. É só agricultura e resina. A batata não se vende e a resina está em crise”. Figueiredo insiste para que comamos lá em casa. Lá fora, junto à estrada, Senhor das Almas parece deserta.
Grandes camiões vêm embarcar madeira às fábricas de Oliveira do Hospital. Há também inúmeras oficinas assinaladas por pneus pintados, fábricas de mármores e granito. José Pereira trabalha o granito sózinho numa pequena choupana junto à estrada. Está a fazer uma lareira e tem junto a si pequenas colunas de pedra. “Faço tudo sozinho”, explica, quase num sussurro, sem nunca deixar de bater a pedra: “pac, pac, pac”.
Quem queira observar bem a Serra da Estrela pode ficar na Pousada de Santa Bárbara, na Póvoa das Quartas. “Isto aqui de Inverno chega a ser um bocado aborrecido”, confessa a simpática recepcionista, “só há movimento aos fins de semana e quando há neve”. Paira um silêncio retemperador pelos salões da pousada. Da janela dos quartos, vê-se Sandomil lá em baixo, repousando no vale, junto ao Alva. À noite, as aldeias da Serra da Estrela luzem como pirilampos enquanto o som dos grilos se cruza com o dos rebanhos ao longe.
A partir da Póvoa das Quartas, a estrada está a ser beneficiada. “Somos todos de Bragança, Vinhais e Macedo de Cavaleiros”, explica um jovial Duarte Rodrigues, 42 anos, o homem que coloca a “cola” antes do alcatrão. Duarte segue um ritual antes de segurar na mangueira. Molha umas botas de cano alto, veste umas luvas e um fato de macaco que deixa propositadamente aberto por causa do calor. Do alcatrão sobe uma nuvem de vapor. Duarte, 13 anos de casa, sempre a “andar no tapete”, nunca deixa de sorrir, mesmo quando os bagos de suor se acumulam na testa.
A N-17 encontra-se agora definitivamente na rota da Serra da Estrela. Um camião solitário percorre Torrozelo, cujas casas parecem desertas, os estores fechados. Aproximam-se os cruzamentos de Seia e de Gouveia e o vulto da Serra vai-se agigantando.
Perto de Santiago, num campo de oliveiras, dois agricultores conversam junto a uma vaca, um deles entretido a ceifar erva, o outro a pastorear um rebanho de mais de 100 ovelhas. “Isto aqui na zona está mesmo mau”, exclama o pastor Luís Lopes, 33 anos, uma camisa aos quadrados aberta sobre o peito, o chapéu puxado para trás, o queixo apoiado no cajado. “O queijo é o que vai dando mais ou menos porque a lã é dada. Até a dava pelo trabalho de tosquiar as ovelhas”.
Lopes anda revoltado com os fiscais das finanças que querem que ele pague imposto. “Quem tem mais de cem ovelhas tem de as pagar. Tenho 120 e 13 com brucelose. Vieram-me chatear a cabeça, eu disse-lhes para as virem guardar eles. Se me vierem chatear outra vez, vendo logo metade do rebanho”.
Nos campos de batata, as coisas não estão melhores. “Os adubos estão sempre a subir e a batata sempre a descer. Se a coisa desse, eu semeava 10 ou 15 sacas de batata. Assim, nem para consumo. Ainda por cima, o pessoal é dois contos por dia, quer dizer, dois contos as mulheres porque os homens recebem três contos. Não dá. Vale mais deitarmo-nos ao sol que trabalhar na agricultura”.
Junto a Catraia de São Romão, dois homens entregam-se à mais aborrecida das tarefas. Têm uma fita métrica e atravessam-na de um lado ao outro da entrada para São Romão. “Isto é para a gente ter uma ideia da massa betuminosa que leva aqui”, explica um dos homens, funcionário das Estradas, que pede o anonimato. “Sabe, é que estamos a contrato e estamos mesmo na altura de revalidação do contrato”.
Medir a estrada, de fio a pavio, não os aborrece. “Desde que se goste do trabalho”, diz o outro, limpando a testa do suor. “Esta estrada quando estiver pintadinha e sinalizada, ainda vai rivalizar com as vias rápidas”, diz em tom de profecia.
A N-17 não para de trepar, beira acima. Já lá vai o cruzamento para Seia, alcançamos a aldeia de Pinhanços. Uma residencial anuncia entre televisão a cores nos quartos e parabólica, a utilização de fax. O único taxista da terra senta-se junto a um fontanário e desespera. “Há dias para tudo. Hoje, estou aqui ao sol”. Depois, apressa-se a chamar um senhor “que percebe mais das coisas da terra e pode dar mais informações”.
“O senhor” é José Luis Almeida, 66 anos. A casa junto à estrada da beira de onde o vemos saír era uma antiga estalagem onde se mudavam os cavalos. José, que esteve 32 anos na TAP, é uma daquelas memórias vivas de aldeia que recorda o ano da fundação da associação recreativa ou fala sem parar da emigração para os Estados Unidos.
“Está a ver estas casas em pedra? Foi tudo construído nos anos 30 pelos emigrantes que vieram da América fugindo à grande depressão. Isto aqui é terra de emigrantes. Mais de 80 por cento dos homens emigraram todos para a Argentina e para a Europa.”
Acompanhamos o dorso da Serra da Estrela. Surgem penedos irrompendo junto da urze rasteira.De vez em quando há mansões isoladas, fruto da emigração. Atravessar a N-17 nesta zona é um acto solitário. A estrada, até aqui em beneficiação, perde a camada de asfalto e reaparecem os paralelepípedos.
Em Cortiçô da Serra, quase em Celorico da Beira, uma viatura de ingleses que vinham do Algarve está sem bateria. Um taxista de Celorico veio ajudá-los e um pequeno círculo de pessoas rodeia os desafortunados turistas. Um deles, é o carteiro, que obviamente, não terá muitas cartas para entregar. Outro é cunhado do taxista e dono da cervejaria do outro lado da estrada. Chama-se António Jerónimo, 42 anos.
“Eles estão aqui desde manhã. O homem é engenheiro, esteve em África, esta já a segunda mulher dele, é da California”. Como é que soube tanta coisa? “Ah, ah, eu falo inglês, vim há quatro anos de Rhode Island”. A bateria do carro dos ingleses parece ter finalmente recarregado. Despedem-se em inglês. “Take it easy”, grita Jerónimo. “We’ll stop again”, despede-se a americana. “São uns gajos porreiros”, afirma Jerónimo enquanto vai dizendo adeus, “até deixaram dinheiro à minha miuda para comprar um gelado”.
A N-17 termina discretamente à entrada de Celorico da Beira, junto a um campo de futebol e a um terreiro. A povoação está toda engalanada para o seu S. João. Essa noite é uma noite especial na estrada da Beira. Um pouco por todo o lado, em seu redor, acendem-se fogueiras de rosmaninho que os mais jovens se entretem a saltar.
Arcozelo da Serra, a 4 quilometros da estrada da Beira, engalanou as ruas estreitas e empedradas para o São João. A música— “é dos carecas que elas gostam mais”— é da pior pirosice possível e o recinto da festa está com muito pouca gente. “Hoje não é festa”, explica-nos António Cabral, que tira a mão dos bolsos para nos bater no peito, “deviam ter vindo no sábado”. Depois, enumera a lista de artistas nacionais que já cantaram em Arcozelo. “Rodrigo, Roberto Leal, Amália e ah... Júlio Iglesias, esteve quase, quase para cá vir”.
Batemos em retirada e acabamos na única discoteca da estrada da beira aberta à quarta-feira. “Dantes, não havia pubs, a malta vinha mais cedo”, explica Adelino Rodrigues da Silva, o dono da Turbo Seven, “agora vem tudo depois da uma da manhã”. Há uns anos realizou-se ali uma prova de resistência dos barmen e dos disc jockey. “Foram 200 e tal horas sem parar, foi recorde nacional”, orgulha-se Adelino, que estranha que nós nunca tivessemos ouvido falar da Turbo Seven.
Uma espécie de colunas dóricas delimitam a pista invadida pelos raios de luzes coloridas. É quarta-feira mas já se dança na Turbo Seven. “Forever young, I wanna be forever young”. Lá fora, não param de chegar automóveis. Numas escadinhas mal iluminadas, junta-se um grupo, trocando confidências ao som da música que vem lá de dentro. Na estrada, um risco de luz a média velocidade anuncia a passagem de mais um carro na direcção de Seia. É a noite na N-17.