estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2006-02-05

A liberdade é um bem muito precioso II ou a novela dos cartoons dinamarqueses

A liberdade é um bem muito e demasiado precioso para ser gasta em cartoons idiotas e pretensamente liberais que só vão insultar ainda mais o já ofendidíssimo mundo islâmico. Pisados pelas invasões do Afeganistão e do Irão e pela parcialidade norte-americana na Palestina, os muçulmanos tendem a reagir de forma extremamente sensível a qualquer acto que considerem mais uma provocação. Antes de brincar com a figura de Maomé num cartoon, é necessário pensar nas consequências. Quem fez os ditos cartoons, que noutras circunstâncias até poderia achar razoáveis, terá pensado só, para dar um exemplo, nos reféns ocidentais no Iraque ou nos cristãos no Paquistão? Não é só disfrutar a liberdade, é também saber viver essa mesma liberdade que constitui um bem demasiado precioso para que abusemos dela.

P.S. Este caso não é comparável ao de Salman Rushdie pela simples razão de que as circunstâncias hoje são muito diferentes e as posições estão actualmente muito extremadas. Está a decorrer uma guerra que opõe forças ocidentais contra forças islâmicas no Iraque. Forças ocidentais ocupam o Iraque e o Afeganistão. Não chega?

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