estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2004-11-30

"Mas senhor presidente..."

Palácio de Belém, início da tarde de ontem. "Mas senhor presidente, eu tenho aqui no bolso uma solução...", balbucia Pedro Santana Lopes. "Oh Pedro, eu não me quero chatear consigo, há uma prática institucional de solidariedade e de respeito para com os outros que me leva a dizer-lhe de uma forma clara e breve que desta vez não dá mais, o que significa, para que isto fique claro para si e para todos os portugueses que uma vez mais, vamos ter que apelar à nossa capacidade de civismo e o civismo é uma das características basilares das sociedades democráticas, tolerantes e multi-étnicas, como eu dizia Pedro, chegou a hora de percebermos de uma forma serena, constitucional e livre se queremos continuar a manter uma situação que a meu ver se vinha revelando particularmente desagradável e embaraçosa e que..."
Santana Lopes: "Chiça, eu vou-me é pirar daqui..."