estradas perdidas

Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida.

2005-07-24

THE GLORY OF TRUE LOVE

The Glory Of True Love
( John Prine)

Oh, the glory of true love
Is a wild and precious thing
It don't grow on old magnolias
Or only blossom in the spring
No, the glory of true love
Is it will last your whole life through
Never will go out of fashion
Always will look good on you
You can climb the highest mountain
Touch the moon and stars above
But Old Faithful's just a fountain
Compared to the glory of true love
Long before I met you darlin'
Lord, I thought I had it all
I could have my lunch in London
And my dinner in St. Paul
I got some friends in Albuquerque
Where the governor calls me "Gov"
You can give 'em all to Goodwill
For the glory of true love
Glory glory glory glory
You can't never get enough
Time alone will tell the story
Of the glory of true love
Glory glory glory glory
You can't never get enough
Time alone will tell the story
Of the glory of true love

JEAN CHARLES DE MENEZES


Posted by Picasa Jean Charles de Menezes, 27 anos, com a família no Brasil

Saíndo em direcção ao Metro de uma casa que estava a ser vigiada pela polícia, vestido com um casaco em pleno Verão, Menezes tornou-se ainda mais suspeito quando trepou as barreiras do metropolitano em vez de usar o passe (tinha passe). Correu quando a polícia o mandou parar e mais tarde obedeceu à ordem de deitar no chão. Para quê, então, matar?

PARANÓIA


Menezes, 27 anos,electricista de Minas Gerais Posted by Picasa

O suposto "terrorista" abatido a tiro no metro de Londres era um electricista brasileiro de Minas Gerais. "Pô, Menezes, porque você correu? Porque saltou a barreira do metro? Tinha de parar, rapaz..." "And you bastards, why the hell you shooted? The man was lying on the ground!"

2005-07-22

O DESTINO


Posted by Picasa Quis o destino que ontem perdesse o avião para a Polónia. Quis o destino que na noite em que deveria estar a voar para lá, tenha estado a ver na televisão o filme "Lista de Schindler" passado em Cracóvia. E quis o destino que hoje à noite, no Anfieatro Keil Amaral, em Monsanto, totalmente à borla, possa ir ouvir o grande Ali Farka Touré!

2005-07-21

IMAGINE

Imagine (John Lennon)

Imagine there's no heaven,
It's easy if you try,
No hell below us,
Above us only sky,
Imagine all the people living for today...
Imagine there's no countries,
It isnt hard to do,
Nothing to kill or die for,
No religion too,
Imagine all the people living life in peace...
Imagine no possesions,
I wonder if you can,
No need for greed or hunger,
A brotherhood of man,
Imagine all the people
Sharing all the world...
You may say Im a dreamer,
but Im not the only one,
I hope some day you'll join us,
And the world will live as one.

2005-07-14

Que chatice...

Há mais de um mês que não há um arrastão nas praias portuguesas. Que monotonia...sinto-me demasiado seguro, não existem desafios à altura. Os comboios rolam sem problemas, os gangs estão concerteza de férias...bom, no Outono há mais.

2005-07-11

A ÉTICA NO FUTEBOL

Dias Ferreira, o membro do Conselho leonino e advogado do jogador Miguel, reafirmou hoje a sua disponibilidade para conversar e negociar com o Sport Lisboa e Benfica. Quer-se dizer: Primeiro o contrato do jogador era ilegal, depois já não era e faz-se uma proposta de 2 milhões e meio de euros ao Benfica. Depois, sobe-se para cinco milhões... Tá bem tá, oh Dias Ferreira, o que tu queres sei eu...

2005-07-07

ESTRADAS POLACAS

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Uma semana pelas estradas da Polónia

O que acontece quando uma família de quatro portugueses decide, depois de encontrar o site na net da companhia polaca "low cost" Central Wings, comprar online quatro bilhetes e cirandar pela primeira vez por um país que nunca visitara? Let's see.

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Camping Marina, Lublin, 29/6/2005

O Boeing 737 da "Central Wings" saíra de Lisboa cerca da 1h00. Chegámos muito cedo a Varsóvia. Esperámos que a loja do rent-a-car do aeroporto abrisse às 7h00, pegámos no carro e seguimos as indicaçõe preciosas do simpático funcionário. Tantas árvores, tanto verde, pensei. Como a Polónia é plana e verde e rural!
O pior foi em Lublin, após 100 e tal quilómetros. Onde raios se escondia o parque de campismo? A única indicação que tinha era a de que ficava a sul, perto de um campo de concentração e à beira de um lago. Descobrimos o lago mas nada de camping. As entradas em terra batida para a zona do lago sucediam-se e em todas havia alguém a cobrar uma entrada. Perguntavamos pelo camping. "Oh, camping, tak, dzwrreyetrzwrers, wardewrwrzsaswr..."
Finalmente descobrimos uma jovem loira de bicicleta que falava um inglês rudimentar e apontou para a zona norte do lago. Ao fim de voltas e voltas numa zona arborizada, descobrimos o que parecia ser um camping com uma tenda, sem vivalma e dezenas de bungalows iguais ao da foto com aspecto de abandono. Junto a uma recepção fechada, um homem cortava a relva. Falava polaco e alemão. Foi impossível explicar-lhe que queríamos dormir num bungalow. Desenhámos uma casa. Deu-nos uma chave e indicou-nos o que nos pareceu ser um bungalow. Não era. Era a chave da casa de banho. Voltámos, em estado de cansaço e estranheza. Voltámos a mostrar o desenho da casinha. "Oh, domeck!", gritou, batendo com a palma da mão na testa. Clicou na calculadora e mostrou um novo número. O bungalow iria custar-nos a quantia exorbitante de 13 euros.
O bungalow estilo siberiano era enorme: Dois quartos, cinco camas, uma sala. Graças à acção da madeira de cedro, o calor lá dentro era sufocante. Adormecemos exaustos e acordámos horas mais tarde num estado de entorpecimento e irritação que só se desvaneceu em Lublin, às 5h00 da tarde, numa das muitas esplanadas do centro histórico, à frente de uma zywiec e de um dos muitos bifes polacos da viagem.

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Depois do tal entorpecimento, da má disposição e de termos sido confrontados com um lago de água rasa e choca onde apenas as crianças pareciam ter coragem para se banhar, ultrapassámos a barreira dos edifícios estilo Olivais/ Portela da periferia e atingimos o coração magnífico de Lublin. Não estava à espera. Nem da vibração da rua Królewska, das suas esplanadas e comércio nem da magnificência do centro histórico nem do vazio assombrado do antigo bairro judaico. E finalmente, à luz do fim de tarde, o neo-gótico Castelo (na foto) que os nazis usaram como local de prisão e tortura.

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Casa da Praça Plac Po Farze, perto do velho bairro judeu. Calcula-se que grande parte dos 40 mil judeus de Lublin tenham sido exterminados, muitos no vizinho campo de concentração de Majdanek.

Posted by Picasa Kazimierz Dolny, 29/6

Em casa do pintor Franciszek Kmita

Estavamos a passar por uma rua estreita e em frente a uma das muitas lojas e galerias de Kazimierz Dolny quando Kmita, pintor, 80 anos, nos convidou a visitar o atelier, enquanto comunicava connosco no seu espanholês aprendido nos invernos em Maiorca. Entre o infindável reportório de paisagens, Kmita mostrou-nos uma pintura que fez de Tavira, nos tempos em que velejava pelo Mediterrâneo e Atlântico. Por fim, acabámos a confraternizar com o cachorro cujo nome já esqueci. Verdadeira hospitalidade polaca.

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Kazimierz Dolny. Chamar-lhe-ia a Sintra polaca porque por detrás da pequena cidade medieval se esconde um mercado de pintores e donos de galerias e mercadores caça-turistas que lhe roubam a alma. Nem faltam as pedintes ciganas no meio da praça. Que é muito bonita é.

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Posted by Picasa Vá lá, despachem-se a fotografar que nós temos de ir à missa na igreja ali em cima

Posted by Picasa Vá, amarra o meu colete que eu amarro o teu

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Pormenor do interior da igreja de Kazimierz Dolny

Posted by Picasa Festa na aldeia

Vínhamos a regressar a Lublin, depois de uma incursão na picturesca e cinematográfica Kazimierz Dolny e da surpresa que havia sido descobrirmos as termas de Naleczow. Esqueci o nome do povoado mas o que interessa é que a terra estava em festa, em torno da igreja local e com direito a uma pequena feira. Havia pistolas de plástico, algodão doce, gelados e a fancaria habitual. De repente, foi como se nunca tivessemos saído de Portugal e tivessemos parado o carro entre Oleiros e a Sertã. Hum...como eu gosto de feiras...

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Olá, a festa da aldeia rendeu-me este brinquedo

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Montra em Lublin

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Zamosc, a renascentista. Na foto, casas dos antigos mercadores arménios.

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A Câmara Municipal, datada de 1640 mas já objecto de sucessivas renovações


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A 96 quilometros a sueste de Lublin, Zamosc é uma jóia renascentista arquitectada no século XVI pelo italiano Bernardo Morando de Padua. A praça principal, a Pl. Mickiewicza, está classificada pela UNESCO.

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Zamosc

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Antigo bairro judeu de Zamosc

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A praça central de Zamosc vista da escadaria da Câmara Municipal

Posted by Picasa É fácil encontrar polacos das mais diversas idades a beber autênticos baldes ou latas de inúmeras marcas de cerveja locais como a popular Zywiec. Em Przemysl, na fronteira com a Ucrânia, descobrimos a mais gloriosa de todas as invenções: Um cilindro cervejático! Graças à simpatia e colaboração destes três jovens locais, é possível mostrar o instrumento em plena utilização. Repare-se na torneirinha do lado esquerdo.

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Przemysl, anúncio a uma das muitas marcas de cerveja


Aquele pessoal bebe! Uma noite, já em fascínio-delírio com a cerveja polaca saí pelo bosque e casas baixas que rodeiam o parque de campismo de Cracóvia à procura de um bar aberto onde pudesse beber a última da noite, a "saideira". Percorri desolado um sem número de ruas desertas, parei desapontado em frente ao néon de uma loja que anunciava "ALCOHOL" mas que estava fechada e acabei junto a um supermercado fechado. Junto à porta envidraçada e fechada, encontrei dezenas de jovens polacos, muitos com as suas t-shirts metálicas e cabelo rapado, sentados em mesas de madeira, a beber de latas de cerveja que tiravam de sacos de plástico. Perguntei a um, em inglês, onde era possível comprar uma cerveja. "You italiano. No? Portugalia. Yes? Good. Take..." Tirou uma lata de 50 cl de dentro de um saco de plástico, ofereceu-ma e disse: "Take, a gift for you".

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Praça central de Przemysl num dia de Verão.

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A dez quilómetros da fronteira com a Ucrânia e um passo dos Cárpatos, a cidade é a mais antiga do sul da Polónia a seguir a Cracóvia. A presença do Império Austro-Húngaro deixou-lhe o seu mais valioso património. Devastada durante as duas Guerras Mundiais e adormecida na época comunista, Przemysl espera ainda a reabilitação e recuperação que cidades como Lublin e Zamosc já sofreram.

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Limanowa

Parámos em Limanowa, na região dos Cárpatos, por acaso, porque estavamos cansados e tinhamos fome. Á Polónia é assim, cheia de surpresas.

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Limanowa

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À beira da estrada